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Música Medieval

Música Medieval

Música Medieval

 Música medieval é o termo dado à música típica do período da Idade Média durante a História da Música ocidental européia.

O papa Gregório I (São Gregório, o Magno) institucionalizou o canto gregoriano, através de uma reforma litúrgica, que se tornou modelo para a Europa católica. A notação musical sofre transformações, e os neumas são substituídos pelo sistema de notação com linhas a partir do trabalho de vários sacerdotes cristãos, sobretudo, Guido D'Arezzo (992-1050); que foi o responsável pelo estabelecimento desse sistema de notação musical de onde se originou a atual pauta musical. Foi ele, que no século XI designou as notas musicais como são conhecidas atualmente, usando o texto de um hino a São João Batista (originalmente em latim), onde cada estrofe inicia com uma nota musical: anteriormente, as notas eram designadas pelas sete primeiras letras do alfabeto latino. Desse modo, as notas musicais passaram a ser chamadas UT, RE, MI, FA, SOL, LA e SI. Posteriormente o nome DO substituiu o UT.

 Partitura de uma cantiga Medieval

Música Sacra

 

A música sacra pode ser compreendida em sentido mais limitado, denotando a música de natureza erudita inerente à tradição judaico-cristã. Ou ser percebida em seu significado mais amplo, referindo-se a toda música executada nas cerimônias de toda e qualquer religião.

Música Profana

A música profana é a música não-sacra, vinculada as tradições não religiosas ou culticas da intelectualidade humana. O termo refere-se também a toda a música feita fora do culto ou sem o intuito do louvor.

A música profana no período medieval é constituída de canções de amor, sátiras políticas e danças acompanhadas de instrumentos como pandeiro, harpa e cornamusa que eram fáceis de ser transportados pelos cantores que se deslocavam de uma cidade para outra. As palavras eram muito importantes de modo que as pessoas pudessem cantar como diversão. Por exemplo, o moteto sai da igreja para entrar na casa dos nobres, e foi por isso banido da música sacra.

A maior coleção de música profana provém dos poemas que os trovadores, provenientes do sul da França, levavam às cortes européias. Compositores como Josquin Desprez escreveram música sacra e música profana. Ele compôs 86 peças de música profana e 119 de música sacra.

 

 

Estilos das Composições:

 

Cantochão - Inicialmente o canto a capella, utilizado na liturgia da Igreja cristã católica, é estruturado com melodia única, geralmente cantada por vozes masculinas (dos sacerdotes cristãos), com ritmo livre que seguia o ritmo prosódico das palavras latinas dos salmos e orações. Mais à frente passou a ser usado como tema básico nas composições polifônicas como os organum, sendo chamado de cantus firmus.

 

Organum - Os sistemas de notação impulsionam a música polifônica, já em prática na época como a música enchiriades, descrita em tratado musical do século IX, que introduz o canto paralelo em quintas (dó-sol), quartas (dó-fá) e oitavas (dó-dó). É designado organum paralelo e no século XII cede espaço ao organum polifônico, no qual as vozes não são mais paralelas, mas sim independentes umas das outras. O Organum é a evolução do cantochão. Os compositores passaram a ornamentar mais as suas músicas usando mais de uma linha melódica dando origem ao organum:

  • Organum Paralelo: Era acrescentado uma linha melódica, a vox organalis (voz organal)duplicava a vox principalis (voz principal, que conservava o cantochão) em intervalos de quartas ou quintas.
  • Organum Livre: A vox organalis começou a se libertar da vox principalis, deixou de copiá-la diferenciando-se apenas com quintas ou quartas e passou a abaixar enquanto a voz principal se elevava (movimento contrário), conservava-se fixa enquanto a voz principal se movia (movimento oblíquo), seguia a mesma direção da voz principal mas não exatamente pelo mesmo intervalo (movimento direto). Mas o estilo de nota contra nota (enquanto uma voz canta em semínima a outra também em semínima…) continuava.
  • Organum melismático: o estilo nota contra nota foi abandoado. Uma melisma é quando uma sílaba é cantada por um grupo de notas, por isso Organum Melismático. Bons exemplos de melisma se encontram no Período Barroco, especialmente nas músicas de Bach.

Motetos- O moteto é um gênero musical polifônico surgido no século XIII, onde, inicialmente, usavam-se textos distintos para cada voz. Dessa característica vem a origem do termo, derivado de mot, palavra, em francês. O moteto se tornará uma das grandes formas da música polifônica, sendo o apogeu de seu uso no contraponto modal do século XVI, apesar de sua importância para a música barroca e da recorrência a ele até por compositores românticos.

 

Os Compositores

LÉONIN(1163/1201)

Desde o início da construção da catedral de Notre Dame, em 1163, Paris tornou-se um importante centro musical. Nesta cidade, as partituras de organum alcançaram um elevado estágio de elaboração, graças a um grupo de compositores pertencentes à "Escola de Notre Dame". Apenas o nome de dois destes compositores chegou até nossos dias: o de Léonin e o de Pérotin.

Léonin foi o primeiro mestre do coro da catedral e escreveu muitos organa ( plural de organum). O organum é a primeira manifestação da música polifônica, com duas ou mais linhas melódicas. As primeiras composições neste estilo (sec. IX) eram formadas por um cantochão (vox principalis), ao qual era acrescentada uma outra voz, em um intervalo de quarta ou quinta superior, chamada de vox organallis, duplicando a voz principal.

PÉROTIN

Compositor francês, a quem se atribui a criação da polifonia a quatro vozes. Pérotin foi o sucessor de Léonin e trabalhou em Notre Dame de 1180 até cerca de 1225, na função de mestre de coro. Revisou muitos organa anteriores e fez modificações nas partituras, a fim de deixá-los mais modernos. Pérotin enriqueceu estes organa, acrescentando-lhes mais vozes. Assim, a um organum duplum, ele poderia acrescentar uma terceira voz ou até mesmo uma quarta voz.

GUIDO D'AREZZO

O emprego como músico de igreja não impedia a composição profana, entretanto, sem a nomeação para a capela de uma corte ou fundação eclesiástica, nenhum músico plebeu podia aspirar ao sucesso.  

Um músico assim era o monge Guido, mestre de coro da Catedral de Arezzo na Toscana e encarregado do coro da escola por volta de 1030. Conhecendo certamente os progressos musicais, e sendo ele próprio um músico inventivo, concebeu um sistema para aprender música de ouvido. Descobriu uma melodia profana, hino que os meninos cantores entoavam a São João, para que os protegesse da rouquidão, cada linha da qual começava com uma nota mais aguda que a anterior. Associou à melodia a um texto sagrado em Latim, cuja primeira sílaba de cada linha podia dar o nome de cada nota da escala musical. Em seguida, fixou cada mnemônica num esboço da mão humana:  

Ut queant laxis

Resonare fibris

Mira gestorum

Famuli tuorum

Solve polluti

Labi reatum

Sancte Ioannes

Cuja tradução é: Para que nós, servos, com nitidez e língua desimpedida, o milagre e a força dos teus feitos elogiemos, tira-nos a grave culpa da língua manchada São João.


Cada articulação da mão de Guido foi associada a um intervalo da escala, de tal modo que os meninos do coro de Arezzo sabiam exatamente qual nota deveriam cantar: Guido afirmava que assim se poderia aprender música em apenas alguns dias, em vez de levar várias semanas. Solfège ou solfeggio (solfejo), como o sistema ficou conhecido, foi rapidamente adotado pelos estudantes de canto para a memorização de exercícios vocais. Durante o século XIX, o sistema de Guido foi adaptado para transformar-se no sol-fá tônico dos nossos dias, e usado para ensinar não-músico a cantar música coral. Foi nessa época que alguns tons foram reformulados de modo a facilitar o canto. Ut tornou-se dó, Sa tornou-se si (iniciais de Sancte Ioannes)

Guido d'Arezzo também escreveu bastante acerca do novo sistema de notação usando uma pauta com várias linhas, onde o fá e o dó eram especialmente assinalados com tinta colorida para marcar o tom. A mão de Guido e seu sistema depressa floresceu e encorajaram outros compositores a fazer música mais elaborada e interessante.

GUILLAUME DE MACHAUT ( Machaut 1300 / Reims 1377)

Compositor e poeta francês. Cônego da catedral de Reims, foi secretário de João de Luxemburgo, rei da Boêmia. Sua obra musical é considerada um dos pontos culminantes da arte do século XIV. Guillaume de Machaut é autor de poemas líricos, baladas, danças, motetos e da famosa Messe Notre Dame, a primeira missa polifônica.

Guillaume de Machaut é considerado o maior músico da Ars Nova , período que compreende toda música composta entre 1300 até 1600. O estilo da Ars Nova é mais expressivo e refinado, seus ritmos mais flexíveis e a polifonia mais evoluída.

JOHN DUNSTABLE (1385 / Londres 1453)

Compositor, astrônomo e matemático inglês. Foi o incentivador da Ars Nova na Inglaterra. Sua produção é principalmente religiosa: Motetos, hinos, antífonas e missas. Depois de esquecido durante séculos, foi valorizado modernamente pela sua qualidade de invenção melódica. Em sua obra destacam-se os motetos Veni Sancte Spiritus e Quam pulchraes.

 

O Período 

 

A Música desenvolveu-se durante o período gótico ou medieval, e foi incluído o canto gregoriano, foi desenvolvido e refinou durante vários séculos. Foi o período entre 1000-1450. Música do período medieval caracterizou-se pelo desenvolvimento lento de independência mais rítmica entre vozes em texturas polifônicas.

Isto surgiu do estilo monofônico de canto gregoriano e as texturas de voz múltiplas mais diretamente dianteiras. 

Os compositores antigos não anexavam seus nomes em suas composições, muito deles são desconhecidos a nós.

 

Os Instrumentos 

Flauta reta – As flautas retas englobam as flautas doces (flauta de oito furos, um deles na parte posterior, destinado ao polegar) e as flautas de seis furos com agudos feitos através de harmónicos, já que não possuem o furo posterior. A flauta reta era um instrumento de som suave e grave, que de distinguia de outros instrumentos agudos, tais como as bombardas.

Flauta transversal – Presente em Bizâncio pelo menos desde o século XI, é pela primeira vez representada no manuscrito d’Herrade de Landsberg. Os estudiosos dos instrumentos do período afirma unanimemente que a flauta transversal, bem como as flautas retas, tinham um formato cilíndrico.

Cornamusa – Era um instrumento de sopro dotado de palheta dupla e inserido num reservatório de pele hermético (odre ou saco). O ar entrava no odre através de um tubo superior, com uma válvula para impedir o seu retorno. Na Idade Média este instrumento podia ou não ter um bordão. Era, portanto, semelhante à gaita-de-foles.

Viela de arco – Os instrumentos de cordas friccionadas da Idade Média (vièle, fiddle, giga, lira...) começaram a ser utilizados no século X, quando o arco surgiu na Europa (introduzido provavelmente pelos árabes). A viela de arco pode ter diversas formas bastante diversas e apresenta normalmente 3 a 5 cordas. Pode ser tocada apoiada no ombro ou no joelho.

Viela de roda – ou symphonia. É uma espécie de viela em que o arco é substituído por uma roda, que fricciona as cordas sob a ação de uma manivela. As cordas são encurtadas não diretamente pelos dedos, mas através de um teclado. Este instrumento pertence ao folclore desde o século XVII. É semelhante à sanfona.

Alaúde – O alaúde, tal como foi celebrizado no Renascencimento, só foi introduzido na Europa no século XII, pelos mouros. Na altura, o seu nome árabe era (al’ud, que se tornou laud em Espanha e depois luth, em França). No fim do século XIV, o alaúde adquiriu aspecto característico, com a caixa de ressonância periforme (em forma de pêra), feita de lados de madeira de sicónomoro e o cravelhal curvado para trás.

Harpa – As harpas são reconhecidas por sua forma aproximadamente triangular e pelas cordas de comprimentos desiguais estendidas num plano perpendicular ao corpo sonoro. As cordas são presas por cravelhas, que podem variar de sete a vinte e cinco. A pequena harpa portátil veio da Irlanda, com a chegada dos monges irlandeses. A harpa figura no emblema heráldico deste país.


Percussão – Antes do século XII, os instrumentos de percussão existentes eram os conjuntos de sinos (cymbala), tocados nos mosteiros. A partir dessa altura, apareceram na Europa os tambores de dois couros, o pequeno tambor com armação, que por vezes tinha soalhas (actual pandeireta de pele) e os címbalos de dedos (crótalos), provavelmente provindos do Oriente

Flauta e tambor - O executante de flauta e tambor chamavam-se taborin (é o atual tamborileiro). A flauta tinha 3 furos e era tocada com uma das mãos, enquanto a outra tocava o tambor, preso no ombro ou debaixo do braço. Este músico animava todas as danças e festividades e alcançou o seu auge entre os séculos XV e XVI. Ainda hoje existem tamborileiros no Sul de França, no País Basco e em Portugal (Trás-os-Montes e Barrancos).

Flauta dupla – Os instrumentos de sopro duplos são conhecidos desde a Antiguidade. A flauta dupla foi um instrumento bastante utilizado, que só viria a desaparecer no século XVI.

Rabeca – A rabeca é um instrumento de cordas friccionadas com caixa monóxila, isto é, escavada em uma só peça de madeira. As formas variavam entre as ovais, elípticas ou retangulares. De proporções menores do que a viela de arco tem um som agudo e penetrante. É semelhante ao actual violino. No Minho, ainda existe a rabeca chuleira, um instrumento tradicional.

Saltério - O saltério foi pintado no século XII, numa escultura da catedral de Santiago de Compostela. Neste instrumento, as cordas são estendidas em todo o seu comprimento acima da caixa de ressonância, ao contrário do princípio da harpa. Para tocá-lo, beliscam-se as cordas com os dedos ou com um plectro.

Organetto – Também chamado portativo (porque podia ser transportado pelo executante). Bizâncio foi o primeiro centro de construção de órgãos da Idade Média.

 Instrumentos Medievais

Vídeos no You Tube

https://www.youtube.com/watch?v=6z6oXMOYGoM&feature=related 

https://www.youtube.com/watch?v=AMe1WuV3j1g